exposição na escola de arquitetura ufmg

guaicurus
asmare
pedreira prado lopes

carolina maria de jesus

  • material gráfico
  • vídeo documentário
  • montagem

O grupo de pesquisa Indisciplinar, sediado na Escola de Arquitetura da UFMG, tem como objetivo principal a investigação da produção do espaço urbano, com foco nas disputas territoriais, que envolvem tanto os processos de neoliberalização, como das resistências locais. O grupo desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão, partindo de uma abordagem teórico-metodológica em que questiona a distinção rígida entre pesquisador e objeto de pesquisa, imbricando teoria e prática e, com isso, fazendo emergir atores híbridos e agenciamentos múltiplos. Dentre os projetos de pesquisa realizados pelo Indisciplinar, o projeto “Territórios Populares”, desenvolvido em rede nacional e coordenado pelas pesquisadoras Raquel Rolnik e Paula Santoro, do LabCidade da FAU-USP, desde 2018, passou a ser uma importante frente de investigação e atuação do Indisciplinar.

O grupo de pesquisadores diretamente envolvidos nessa pesquisa se lançou ao desafio de construir um “método cartográfico, genealógico e em platôs”, no intuito de entender o avanço do capital sobre a vida cotidiana dos moradores dos territórios pesquisados, evitando com isso dicotomias simplistas e análises frágeis, baseadas em conceitos essencialistas pré-determinados. Ao traçar cartografias que identifiquem as disputas, o grupo aposta na complexificação das suas diferentes modalidades, fomentadas, muitas das vezes, por processos de reestruturação espaciais que, usualmente, provocam a expulsão da população pobre, alterando seu cotidiano e suas formas de sobrevivência. Ao mesmo tempo, tal processo cartográfico busca mapear e visibilizar os modos de vida singulares das pessoas que moram/ trabalham/ frequentam esses espaços, que existem e resistem à revelia dos interesses do Capital.

Como recorte socioespacial do projeto optou-se pela região do hipercentro “expandido” da cidade, no intuito de se cartografar as controvérsias existentes entre as ações do Estado ou do Estado-Capital e as práticas engendradas pelos movimentos de resistência. Nesse recorte territorial, vale destacar a presença tanto de projetos institucionais como a OUC ACLO – Operação Urbana Consorciada, a delimitação da Zona Cultural, a atuação da empresa PBH Ativos, como também a existência de importantes Territórios Populares envolvendo:

Favela Pedreira Prado Lopes e ocupação Pátria Livre (coordenada pelo Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos – MTD)

Ocupação Carolina Maria de Jesus (coordenada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB)

ASMARE – Associação de catadores de papel, papelão e materiais reaproveitáveis

Região da Guaicurus (Associação das Prostitutas de Minas Gerais – APROSMIG – e Hotel Stylus)

Apostando no tripé pesquisa-ensino-extensão, o projeto de pesquisa soma forças com os projetos de extensão “Cartografia das Lutas” e “Geopolítica e Cidades”, vinculados ao Programa de Extensão indLab. A presença no território durante quase dois anos de investigação permitiu a produção de um vasto material, utilizando as bases teóricas bibliográficas acadêmicas, as informações veiculadas pelas mídias hegemônicas e as narrativas cartografadas nos territórios.

É importante ressaltar que a pesquisa teve como característica a busca por instrumentos de investigação em campo que promovessem trocas reais e aproximações não objetificadoras com os pesquisados. Essas aproximações se deram via disciplinas de projeto (foram ofertadas nos anos de 2018 e 2019 quatro disciplinas na Escola de Arquitetura da UFMG); visitas dos pesquisadores aos territórios guiadas pelos moradores do local; realização de jogos nos territórios com crianças, jovens e adultos; e desenvolvimento de linhas do tempo interativas – analógicas e digitais -, objetivando, assim, um mapeamento das questões importantes na dinâmica territorial, a partir da compreensão dos principais eventos ocorridos ao longo dos últimos anos, das narrativas sobre eles e dos arranjos dos atores que compõem as redes e que atuam sobre o território.

Para viabilizar essa montagem, a equipe das professoras conseguiu articular o apoio do Centro Cultural da UFMG, a parceria da equipe do Grupo Oficina Multimédia (GOM), responsável pela organização do Verão de Arte Contemporânea (VAC), e da Associação Profissional dos Docentes da Universidade Federal de Minas Gerais – APUBH / UFMG, que, por meio de um edital aberto à toda comunidade acadêmica, permitiu um importante aporte financeiro para a realização da exposição.

Assim, essa exposição reúne parte do material produzido ao longo desses dois anos, no intuito de dar maior visibilidade aos modos de vida cartografados, complexificando, assim, visões e impressões recorrentes sobre aqueles que moram e trabalham em territórios socialmente vulneráveis. Geralmente as produções sobre esse universo são marcadas por narrativas unilaterais, quase sempre veiculadas de forma simplificada, nas quais os lugares são marcados exclusivamente pela precariedade e pela contravenção. Importante ressaltar que a presença de parceiros ligados às associações e aos movimentos de luta e resistência trouxe para a pesquisa diversas temáticas urbanas, tais como: direito à cidade, direito à moradia digna, direitos das mulheres (inclusive das trabalhadoras do sexo) e sustentabilidade socioambiental.

Além disso, a exposição traz à público os processos investigativos que foram inventados e construídos no encontro dos pesquisadores com os pesquisados, reforçando o tripé ensino-pesquisa-extensão e fortalecendo a importância e o compromisso social e político de uma universidade pública e gratuita, onde vigora a autonomia do pensamento crítico e libertário, em sua busca por uma aproximação real dos saberes acadêmicos e dos saberes não-acadêmicos.

coordenação geral da pesquisa territórios Populares:

Marcela Brandão e Natacha Rena

coordenação do eixo audiovisual da pesquisa Territórios Populares:

Patrícia Azevedo

equipe:

Grupo de pesquisa Territórios Populares:
Marcela Brandão
Natacha Rena
Patrícia Azevedo
Bárbara de Oliveira
Iago Oliveira
João Márcio Dias
Luiza Poeiras
Manuela Lima
Marília Pimenta
Saulo Maciel
Susan Oliveira

Disciplina Territórios Populares III (2019/2):
Bárbara de Oliveira
Faustine Horgnies
Gustavo Pardini
Iago Oliveira
Luiza Poeiras
Manuela Lima
Maria Emília Toledo
Marina Lages
Michelle Correa
Saulo Maciel
Sthefany Paula
Susan Oliveira
Vitória Morais

Disciplina Territórios Populares I (2018/2)
Disciplina Territórios Populares II (2019/1)

Monitores da exposição Territórios Populares:
Bárbara de Oliveira
Iago Oliveira
João Márcio Dias
Luiza Poeiras
Manuela Lima
Saulo Maciel

parceiros:

realização:

apoio: