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carolina maria de jesus

A Zona da Rua dos Guaicurus talvez seja a região de meretrício mais conhecida no país. É quase tão antiga quanto a própria cidade, não seria exagero percebê-la como parte do patrimônio cultural da cidade. Devido a sua centralidade (na escala estadual) histórica e geográfica, possui um grande potencial de transformação (movimento). Todo o capital imobilizado estocado, assim como seu “capital cultural” histórico, se tornam passíveis de serem usurpados por diversos interesses privados, locais ou não. E essa dinâmica historicamente vem se arrastando neste cotidiano frenético e lento ao mesmo tempo.

Mesmo numa escala local, as associações dos atores se mostrou bastante complexa (associações, movimentos híbridos, coletivos, trabalhadoras sexuais, demais trabalhadores que dependem do movimento da zona, donos de hotéis, donos de estacionamentos, donos do comércio popular, proprietários dos imóveis, o próprio Estado, Governo e Prefeitura, os poderes legislativos e judiciário, usuários de drogas, moradores de rua, catadores de recicláveis, moradores de ocupação, camelôs, donos de shoppings populares, imigrantes, etc). O cotidiano desse território se apresenta até o momento como uma fonte de controvérsias.

Lentamente vem se constituindo uma aproximação com atores externos ao cotidiano da Zona. Dentre os agentes nas escalas estadual e nacional, destacam-se grupos ligados à universidades públicas e privadas e também à igrejas católicas e evangélicas, promovendo atendimentos médico e psicológico, cursos profissionalizantes, comemorações e confraternizações, enxovais de bebê coletivos, atividades e eventos culturais, etc. No momento também se percebe uma atuação mais discreta de atores externos, ligados ao setor privado tanto em nível nacional quanto internacional, como grandes empresas, multinacionais e ongs internacionais. Além dos vários atravessamentos controversos nos tipos de vínculo entre esses atores ao longo do tempo.

A cartografia realizada até o momento se deu com mais intensidade nas imersões proporcionadas pelas disciplinas vinculadas à pesquisa TP (no caso da rua Guaicurus, Arquitetura Desobediente, onde foi desenvolvido um projeto de intervenção para a sede da Associação de Prostitutas de Minas Gerais, resultando num mutirão, e Territórios Populares 2, resultando num documentário com a Eunice, que vive na Guaicurus há mais de 50 anos, que foi apontada como a maior referência por diversos grupos).

O trabalho sexual em si não é tipificado como crime no código penal, ainda assim o tema é um tabu perante a sociedade, razão pela qual raramente a atividade é abordada em trabalhos de análise urbana da região central. A invisibilidade deste território pode dar brechas à atividades duvidosas por parte de atores com maior poder local, além de facilitar a infiltração do capital por projetos de revitalização, se apropriando do discurso das resistências locais como respaldo para políticas culturais de cunho altamente gentrificador.

Frases da Nice

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