pedreira prado lopes
O surgimento da favela Pedreira Prado Lopes se confunde com o início da capital Belo Horizontina. Alexandra Nascimento et al (2018) coloca que ocupação dessa comunidade se deu no início do século XX por trabalhadores vindos do interior de Minas e outros estados para a construção da cidade planejada atraídos pela esperança de melhores condições de vida e emprego. Esses novos moradores se fixaram próximo ao seu canteiro de obras – a cidade – e na região onde havia algumas pedreiras de onde retiravam as pedras para a construção do traçado interno à fronteira demarcada pela Avenida do Contorno, evidenciando o plano segregacionista de Araão Reis de uma cidade restrita à elite mineira.

A proximidade com o centro e por estar no corredor entre setores estratégicos da cidade coloca essa favela sob olhares de disputas socio-espaciais desde sua formação. Em 1940 houve a abertura da Avenida Antônio Carlos surge como política de embelezamento e integração entre o centro e a Pampulha segundo Junia Ferrari (2009), e nesse momento a atual Pedreira Prado Lopes era chamada de Favelinha e se fixava no local onde as obras viárias planejavam sua passagem. De acordo com Valéria Borges, antiga moradora da Pedreira, e Mara Marçal Sales (2003), muitas famílias se viram obrigadas a se retirar daquele local em função de incêndios suspeitos e remoções indevidas realizadas pelo setor público. Essa desestruturação da comunidade continou e os incêndios voltarem a ocorrer quando iniciaram as obras do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), em 1944, o que obrigou os moradores a subirem ainda mais o morro e se alocarem na pedreira, região onde atualmente se localiza a favela.
O conjunto habitacional IAPI tem sua construção baseada nos interesses públicos e privados em realocar a população de baixa renda para áreas distantes da central, dado isso por meio de políticas higienistas baseadas na segregação sócio-econômica.
“(…) a dois passos a cidade se vinham localizando classes de menor capacidade econômica, operários e até mendigos (…). aspectos fundamentais – o econômico, o higiênico e o urbanístico – comparamos as duas soluções possíveis: a primeira seria a de se fazer erguer ali mesmo, um novo bairro em condições satisfatórias; a segunda, promover a aquisição de terrenos fora da cidade, para neles localizar os moradores da Pedreira.” (Relatório do prefeito Juscelino Kubitscheck, 1940, p. 76).





Novamente grandes obras públicas retornam no território da Pedreira em 1997 com o Programa Global Específico realizado pela prefeitura por meio da Urbel (Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte). o PGE foi desenvolvido em parceria com a comunidade com o objetivo de identificar as demandas locais e realizar um planejamento urbano específico para a comunidade e tornar aquela área mais abastecida de infraestrutura e desenvolvimento social (URBEL, 2018). A materialização desses planos se deu com o Vila Viva em 2008, sob a narrativa da urbanização da favela, com obras de infraestrutura, abertura de vias, remoção de famílias e construção de habitações de interesse social. Apesar do intuito ser positivo, a ação e consequência desses programas fragmentou e fragilizou ainda mais a organização social da Pedreira, intensificando o movimento de migração dos moradores para demais regiões da cidade, principalmente para locais mais distantes com menores valores para a moradia.
Atualmente essa favela está inserida na área da Operação Urbana Consorciada ACLO, dando continuidade à insegurança de se estabelecer no território por parte dos moradores. Segundo Janaína Pinheiro et al. (2017), esse instrumento urbanístico se apoia nas justificativa de melhoria viária e de mobilidade urbana para a implementação de grandes obras de interesse público e privado, as quais contribuem para o aumento dos imóveis e contribuem para a expulsão dos moradores que ainda resistem no local, evidenciando o processo de gentrificação planejado pelos investidores do setor imobiliário.